O projeto que tenho desenvolvido começou há dois anos com a recolha de grandes quantidades de objetos em plástico. Nessa fase, houve a necessidade de abandonar o barro, com que frequentemente trabalho, para dar lugar a uma matéria que me apresentava questões novas em termos de plasticidade e formalidade. Reunidas as peças, percebi que o processo de respiga me levou maioritariamente ao encontro de restos de antigos brinquedos e partes de jogos. Foi então que surgiu a necessidade de investigar e retornar ao âmbito das práticas infantis.
Procurei reconfigurar as intenções de criar infantis, partindo de memórias associadas às formas presentes na minha infância e sujeitei-me a recriá-las enquanto esculturas: comecei a usar as várias partes dos jogos enquanto formas coloridas como referência para exploração da forma. O plástico deixou de ser o material interveniente e passou a ser o material de pesquisa para um exploração de formas. Ao entender a cor e as formas do plástico, ocorre um novo despertar para as mesmas praticas do fazer, não na cópia de um brinquedo, mas modelando a matéria voltando esta a ter significado e importância para a criação de objetos. Como um carácter lúdico, alusivo à existência prévia de uma possível função, jogando com o útil e o inútil.