DALLOL
Zizi Ramires

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Zizi Ramires
Dallol.01, 2019
Trabalho digital impresso em acrílico de 3mm
30 x 50 cm
Zizi Ramires
Dallol 17 (impressão 1), 2020
Trabalho digital e pigmento verde turquesa e amarelo s/tecido
24 x 18 cm
Zizi Ramires
Dallol 2 (impressão 1), 2020
Trabalho digital e pigmento negro chilca s/tecido
24 x 18 cm

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Género de paisagem virtual, Dallol.01 de Zizi Ramires trata a potencialidade do digital na (des)construção dos espaços. Por meio da junção de imagens paisagísticas de Dallol com fotografias de pedras por si coleccionadas, a artista concebe padrões digitais formados por minerais que, por sua vez, criam um novo arquivo imagético. A obra surge, assim, de um encontro entre a interpretação que a artista faz dos registos de um ponto geográfico que lhe é desconhecido – o que lhe permite desconfigurar e reconjecturar o local com maior liberdade – e os registos pessoais que vai acumulando de minerais idênticos àqueles que constituem as paisagens que adapta. Há, portanto, patente neste trabalho uma reflexão sobre como o acto de conhecer algo pela sua reprodução distorce a nossa percepção da realidade e de como a ausência do objecto pode constituir uma ferramenta para a sua transfiguração. Mais relevante, contudo, será talvez o facto de esta obra partir de uma tentativa de alterar a materialidade e a formalidade essenciais de determinado corpo mineral, produzindo, assim, uma tensão entre a existência virtual do espaço traçado e a identidade matérica do mesmo.

Dallol 2 e Dallol 17 constituem também paisagens digitais, expressivas e de cores vívidas, de um desenvolvimento processual semelhante à obra anterior, mas com a particularidade de serem impressas em tecidos padronados, transpostos para a tela e intervencionados plasticamente. A desmaterialização das formas que a artista alcança a partir do trabalho digital e que lhe permite simplificá-las, reverte-se, portanto, em materialização, não apenas pelo próprio objecto artístico, como também pela pintura que lhe acrescenta. Sobrepondo realidades concretas com realidades intangíveis, é na fusão entre o material e o virtual que a artista encontra a possibilidade de depurar as formas e construir novos espaços abstractos – recorrentemente não-perspectivados e de carácter quase cenográfico. As obras ganham, assim, unidade por meio de diferentes sedimentos, que geram uma indistinção entre um espaço real e um espaço imaginado, complementares um ao outro.