João Maria Pacheco
Folding Field, 2019
Vídeo-performance, cor, som, 7’43’
PT | ENG
O artista desdobra uma peça composta por diversas camadas de papel justapostas, pesada ainda que frágil, cujas esquadria e tonalidade dada pela pintura se confundem com o solo. Estende-a e pendura-a na parede, acto de desdobramento e extensão do próprio campo da obra, que enquadrado no frame da câmara parece alongar-se da parede para o chão, no que poderia ser um movimento infinito. A linha que separa o espaço exterior, que envolve a peça, da superfície que a mesma cria, de representação, é assim atenuada, permitindo que o próprio espaço constitua uma dimensão da obra.
Numa abordagem sobre a profundidade e o espaço na pintura, Folding Field foca-se, portanto, na interacção do corpo com o mesmo e, particularmente, com a paisagem, aqui transformada num corpo transportável e pessoal, arquitectado pelo acumular de dobras e desdobras, de fechamentos e ampliações. Ainda que se possa desvelar e reenquadrar essa paisagem ilusória e bidimensionalizada noutros lugares, ela parece coexistir com o espaço em que se apresenta, como se adaptável ao seu entorno. Composta por um aglomerado de movimentos e de deslocações entre espaços, ainda que não se encontre presa a um ponto estático, é o facto de se inserir num plano delimitado – pelas fronteiras da sala e do vídeo – que lhe permite crescer para lá desses limites.