I THOUGHT COUNTRY WAS SOMETHING ELSE,
BUT FOUND IT IS SOMETHING ELSE

Gonçalo Albergaria

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Gonçalo Albergaria
I thought Country was something else, but found it is something else, 2019
Instalação, técnica mista
Dimensões variáveis
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A partir de estudos, desenhos, fotografias, panoramas paisagísticos, vistas aéreas e mapas actuais e coloniais de reservas aborígenes na Austrália, Gonçalo Albergaria constrói uma paisagem enfabulada, na qual confronta a realidade da qual provém e as expectativas daquilo que esperava encontrar em Country com a realidade que efectivamente encontrou ou que se lhe deu a conhecer. Na elaboração do conjunto traça um sistema imaginário de concepções mentais, inclusive inconscientes, ainda que baseadas numa realidade externa, que formam um mapa performático, testemunho das mudanças perceptivas que experienciou. A obra projecta, então, a partir de representações pré-existentes, concebidas de raiz ou manipuladas pelo artista, as suas recordações visuais – uma memória espacial e sonhada das suas experiências, se quisermos – para o espaço geográfico. Como um corte aberto, este entrelaçado de imagens transitórias, altera por sua vez os próprios espaços apresentados por via das mesmas. Composta por uma confluência de diferentes pontos geográficos, a nova paisagem marca, assim, as distorções produzidas, não apenas pelo confronto entre o seu imaginário e a realidade material, como também pelo desacerto entre as vivências do artista nessa viagem por Country e as memórias que delas guarda.

O título da obra tanto nos diz que o artista tinha uma concepção do lugar que não correspondia à realidade e que descobriu que afinal esse lugar era ainda uma outra coisa, ou que imaginou que este seria algo que não era, mas que afinal se revelou ser. De uma forma ou de outra, a peça mapeia um choque e simultaneamente uma aceitação entre realidades, bem como uma incapacidade de se as separar. De facto, dando-se uma translabilidade entre uma realidade interior e exterior, na medida emque a primeira se torna materializável a partir da segunda, dá-se, então, igualmente, uma possibilidade de se interpretar e fazer sentido de uma a partir da outra ou em termos da outra.