PÁSAME EL LIPSTICK, QUERIDA
Aurelia Noudelmann, Hala Namer e Lucía Vives

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Aurelia Noudelmann, Hala Namer e Lucía Vives
Pásame el lipstick, querida, 2020
Vídeo (HD), P/B, som, 17’12’
 



Pásame el lipstick, querida de Aurelia Noudelmann, Hala Namer e Lucía Vives, primeiramente pensada como performance, exibe-se agora sob a forma de uma leitura visual e experimental de um poema. Aplicando programação gráfica ao som produzido por Namer e à leitura de versos escritos e declamados por Vives, os visuais produzidos por Noudelmann reagem live ao som e à voz, criando ambientes digitais que vão ganhando e perdendo volume com a vibração. Uma grelha, uma série de cubos, uma reprodução informe de uma das artistas no momento da performance, estas imagens, inicialmente dispostas em camadas bidimensionais de diferentes níveis, em suspensão numa espécie de não-lugar, vão-se fundindo umas nas outras criando novas formas. De modo quase simbiótico, apesar de virtual, projectam espaços ora orgânicos e etéreos, ora rígidos e geométricos, continuamente desmantelados e reerguidos.

A sua desconstrução acompanha a desconstrução da própria linguagem, repleta de repetições, interferências e jogos de palavras em diferentes línguas. Versos soltos em remix, aos quais foi retirada a ordem e a narrativa original, seguem por sua vez a lógica do random e do algoritmo aplicada ao som. Este trabalha precisamente no campo da experimentação e da aleatoriedade, explorando as possibilidades do código na produção sonora, mesmo que desconhecido a priori. Sendo o código um sistema de transformação, de relações entre signos e de acesso, apresenta-se, então, como a chave que interlaça estas linguagens e os significados por si produzidos, esvanecendo a demarcação e a sequência entre as mesmas. Transmutando-se entre formações codificadas ou para as quais encontramos referentes miméticos, programadas ou espontâneas, Pásame el lipstick, querida, não é, portanto, uma mera projecção virtual, mas as próprias fórmulas da esfera digital que utiliza ditam a leitura inicial do poema.