I BELIEVE WE LEAVE ECHOES OF OURSELVES BEHIND
IN THOSE ROOMS WHERE OUR LIVES ARE FIRST DEFINED

Ana Paganini

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Ana Paganini
I believe we leave echoes of ourselves
behind in those rooms where our lives
are first defined
, 2019
Impressão em acetato
30 x 45 cm; 50 x 33 cm
Série de 1/5 + 1PA


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Na série I believe we leave echoes of ourselves behind in those rooms where our lives are first defined, Ana Paganini projecta fotografias de família nos lugares onde elas foram originalmente tiradas. Sobrepondo as imagens nos espaços que as moldaram – na pedra, na madeira, no solo –, a artista transpõe as memórias construídas nos mesmos para as arquitecturas que lhes serviram de fundo.

Se, por um lado, as vivências que ocorreram nesses espaços se inscrevem nos mesmos, isto é, se realmente deixamos ecos nos espaços onde primeiramente as nossas vidas são definidas, por outro, esses ecos constituem, à semelhança das imagens projectadas, reproduções que substituem uma presença já transcorrida. De facto, a imagem, ao reproduzir virtualmente um corpo material, pode ser entendida como prova da ausência daquilo que fixa. Operando entre duas realidades, a do passado que presentifica e a do presente em que é percepcionada, constituiria, assim, um efeito fantasma, na medida em que revela a não-presença do espaço-tempo que retrata. Se a entendermos, no entanto, como a substituição do que reproduz, torna-se, ao revés, na presença daquilo que se ausentou. Em todo o caso, a fotografia traça uma linha que marca tanto o que fica quanto o que se perde.

As projeções de Ana Paganini, como que suspensas no espaço, intensificam precisamente esse estar não estando. Ao ampliar-lhes o tamanho, a artista liberta as figuras do campo confinado da fotografia e dá-lhes uma outra corporalidade, permitindo-nos ver expandidos os lugares que ocuparam e os vestígios deixados para trás, nesses habitáculos agora vazios, à espera de serem preenchidos. As obras apresentam, assim, uma sobreposição, não apenas entre as temporalidades das fotografias e da projeção das mesmas, como entre os próprios espaços: o espaço físico que serve de suporte à imagem e um outro espaço virtual, dado pelas fotografias e as memórias, íntimas ou colectivas, que se lhe acrescenta. Espécie de fantasmagorias encenadas, as imagens que nos chegam, são já, na verdade, a reprodução da reprodução, criando sucessivas realidades sobrepostas que realçam a duplicidade das figuras. A partir dessa múltipla virtualização e da sua reconexão com os espaços, ganham, então, nesta série, uma nova presença.